Juiz de calcinha, Amaral com medo de onça e Marcelinho de pé calibrado: seleção master enlouquece Parauapebas

Grandes nomes do futebol brasileiro marcam passagem no aniversário de Parauapebas-PA com muita risada, resenha, gols e histórias para contar.

Amaral já viajava havia muitas horas, desde a saída de Catanduva-SP no meio da madrugada, quando o comissário de bordo passou e serviu apenas um biscoitinho e um copo d’água, para desespero do estômago do ex-coveiro, que já implorava pelo almoço. Marcelinho, ao lado no voo rumo ao Pará, contou:

– Vocês não vão acreditar. O cara passou, deu a água e biscoito, e o Amaral soltou: “Poxa, nas outras empresas a gente tem lanchinho, refrigerante. Por que aqui tá assim agora? Ter que comprar não dá”. Aí o comissário soltou: “Pois é, culpa do capitalismo”. E o Amaral rebateu: “Capitalismo? Quem é esse cara?”

Marcelinho gastou Amaral até ao comandar a resenha no ônibus que levou na semana passada a seleção brasileira master do aeroporto de Carajás até a cidade de Parauapebas-PA, que completou 29 anos na última quarta-feira. Entre as festividades, teve o desfile de craques em campo. As gargalhadas tomaram conta da delegação, composta neste evento por grandes nomes do futebol brasileiro como Junior Baiano, Mauro Galvão, Fabiano, Kleber, Sergio – ex-goleiro do Palmeiras, Djair, Beto, Edilson Capetinha, Dodô, Somália e Toninho Carlos, além dos já citados Amaral e Marcelinho. O coringa do time é ninguém menos que Acelino Popó Freitas, tetracampeão mundial de boxe.

A exemplo do que aconteceu em março, na passagem por Belo Horizonte, o GloboEsporte acompanhou esse timaço durante os três dias de jornada por Parauapebas. A cidade paraense, mais nova que todos os jogadores presentes, enlouqueceu com a presença da equipe chefiada por Antonio Lucas e que conta com Paulo Bolou na organização.

A exemplo do que aconteceu em março, na passagem por Belo Horizonte, o GloboEsporte acompanhou esse timaço durante os três dias de jornada por Parauapebas. A cidade paraense, mais nova que todos os jogadores presentes, enlouqueceu com a presença da equipe chefiada por Antonio Lucas e que conta com Paulo Bolou na organização.

Onças dão as caras na véspera, para desespero de Amaral

Encravada na serra dos Carajás, a cidade fica ao lado da reserva de exploração de minério de ferro da Vale. Na estrada até o aeroporto, é proibido andar a pé. Explica-se: onças marcam presença no local. Amaral, esbaforido no ônibus da seleção, começou a gritar de repente:

– Meu Deus, aqui tem onça? Não vou mais jogar, hein? Nem botar o pé na rua.

É que, pouco antes, o motorista Rogério Machado havia mostrado uma foto feita na véspera por ele próprio, flagrando uma onça pintada e uma preta numa estrada próxima, causando grande rebuliço entre os jogadores.

Onças na estrada perto da reserva da Vale na Serra dos Carajás (Foto: Rogério Machado / Acervo pessoal)

O ex-volante de Palmeiras, Vasco, Corinthians, entre muitos outros, só foi esquecer das onças quando começou a acompanhar atentamente o depoimento de Lula para Moro, pela televisão. Fãs e jogadores da seleção master se misturavam no saguão do hotel, quando Amaral soltou.

– Vamos todo mundo calando a boca, quero ouvir o depoimento, pô! – pedido apenas parcialmente atendido. – Gente, por favor. Silêncio aí!

Com a Globo News ligada, Amaral não deixava ninguém trocar de canal, muito menos falar mais alto, mostrando grande interesse pelo depoimento que movimentou o noticiário na última semana.

A estimativa de seis mil presentes representou o recorde de público do estádio Rosenão. A euforia foi tamanha que, 15 minutos após entrar em campo para a partida, Junior Baiano, Edilson e cia tiveram que retornar para o vestiário para a retirada do gramado de muitas pessoas que pediam fotos. Na preleção, muitas risadas e resenha. O árbitro Margarida passou de calcinha, arrancando gargalhadas (confira no gif abaixo).

Com a bola rolando, mais uma vitória, desta vez por 4 a 2. A seleção master comandada por Antonio Lucas segue com 100% de aproveitamento na sua história. E Marcelinho mostrou que seu talento é inesgotável.

– A gente perde as valências físicas, mas o raciocínio é o mesmo – disse o pé de anjo depois de subir entre os altos zagueiros e, de cabeça, aproveitar o passe açucarado de Kleber, dono do melhor cruzamento do futebol brasileiro por anos.

– O Kleber tinha que estar em atividade ainda, joga muito – bradou Mauro Galvão ao elogiar o lateral que hoje tem 37 anos.

Um dos maiores zagueiros da história do futebol brasileiro, Mauro Galvão formou a dupla de defesa com outro gigante, literalmente. Do alto dos seus 1,95m, Junior Baiano ainda impõe respeito, superando os quilos a mais adquiridos depois que parou de jogar profissionalmente. Hoje com 109kg, o zagueirão corta caminho. Não à toa, ele e Mauro deixaram o ataque da seleção do município de Parauapebas em impedimento por mais de dez vezes.

Marcelinho ainda fez um belo gol de falta, Dodô, o artilheiro dos gols bonitos, deixou a sua marca, e quem também balançou a rede foi Popó, dos ringues para os campos.

Popó balançou a rede pela seleção master (Foto: Jorge Britto - Aldeia Comunicação)
Popó balançou a rede pela seleção master (Foto: Jorge Britto – Aldeia Comunicação)

Margarida, atração à parte

Clésio Moreira dos Santos, o Margarida, é sucessor de Jorge José Emiliano dos Santos, o Margarida que fez sucesso nos anos 1980. Durante a partida, divertiu a arquibancada com gestos e até com beijos em jogadores.

Árbitro Margarida apita jogo da seleção master em Parauapebas (Foto: Jorge Britto - Aldeia Comunicação)
Árbitro Margarida apita jogo da seleção master em Parauapebas (Foto: Jorge Britto – Aldeia Comunicação)

Marcelinho dá palestra e lembra estreia pelo Flamengo

Na véspera da partida, o ginásio da cidade lotou para a apresentação dos jogadores. O ônibus teve dificuldade de acesso ao estacionamento, tamanha a euforia. Lá dentro, muita gritaria e aplausos a cada jogador que subia numa passarela. Mauro Galvão recebeu uma camisa do Vasco e a levantou, para delírio dos muitos vascaínos ali presentes. Quando Marcelinho entrou foi visto o ápice do entusiamo. Ao lado de Mauro Galvão e Popó, o Pé de Anjo deu uma palestra a políticos e presentes na arquibancada, a maioria crianças que são atletas na cidade. Arrancou aplausos ao lembrar a estreia como jogador profissional, pelo Flamengo. Os rubro-negros do local foram à loucura, ganhando a companhia de corintianos nos aplausos.

Edilson e Marcelinho, parceria vitoriosa que continua na seleção master (Foto: Jorge Britto - Aldeia Comunicação)
Edilson e Marcelinho, parceria vitoriosa que continua na seleção master (Foto: Jorge Britto – Aldeia Comunicação)

– Eu falo de educação porque sou filho de um gari, seu Adilson, no bairro de Sulacap, no Rio de Janeiro. Eu não tinha vergonha quando meu pai chegava em casa num caminhão de lixo, e eu jogando no Madureira. Mas eu tive um sonho. Eu vou chegar, envergar a camisa de um grande clube, e vou vencer. Foi desta forma que no dia 30 de novembro de 88, uma quarta-feira, eu estava num Flamengo x Fluminense, no Maracanã, e aos 11 minutos do primeiro tempo o saudoso Telê Santana falou: “Aquece o menino”. Pra falar a verdade, não passava uma agulha. Só que eu não deixei o medo ser mais forte que o meu sonho e não deixei o medo frustrar o meu pai, que estava na geral do Maracanã. Eu vi na bola um prato de comida porque sabia que tinha talento nas minhas pernas. Foi assim que eu consegui vencer. E quando acabou aquele jogo, eu só queria ver o meu pai para abraçá-lo. O seu Adilson, que chegava em casa com aquela roupa cor de abóbora, varria rua. As pessoas falavam pra ele: “É pequenininho, não vai chegar a lugar nenhum”. Quando eu abracei meu pai e voltamos para casa de trem, eu falei: “Pai, falei pra você que eu ia vencer. Eu dei um passo para o sucesso”. Ele rebateu: “Não, você não deu um passo. Deu meio passo. O outro meio passo que tá faltando são os estudos. Eu quero o diploma na minha mão. Você me prometeu e vai ter que cumprir” – contou Marcelinho.

Para terminar, pagode e churrasco

Na última partida da seleção master até então, em Belo Horizonte, Edílson já havia mostrado seu talento no cavaquinho, no pagode que rolou depois da partida. Em Parauapebas, não foi diferente. Chamado ao palco durante o churrasco num sítio, o Capetinha não decepcionou, e ainda ganhou a parceria de Amaral no tantã. Alguns dos jogadores não bebem cerveja, mas outros não economizaram nos goles, parados a todos os momentos por pedidos de fotos.

Desfalque na cerveja foi Vampeta, jogador da vez a dar o famoso “mim acher”. Se em Belo Horizonte Amaral não apareceu, agora o Velho Vamp, com passagem emitida pela turma de Karlo Saco, um dos organizadores do evento, sumiu do mapa. Fica para a próxima.

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