Doação de madeira da mineradora Vale vai gerar cerca de 400 empregos em Parauapebas

Após uma longa espera, que perdurou por duas décadas, o Polo Moveleiro de Parauapebas começou na última terça – feira (4) a reescrever a sua história com a assinatura do termo de cooperação, que permite a doação de madeira legal da empresa Vale para a Cooperativa da Indústria Moveleira e Serradores do município (Coopmasp).

É uma parceria que vai gerar cerca de 400 empregos diretos porque será necessária a contratação de trabalhadores para a construção de moveis diante da doação de dois mil metros cúbicos de madeira das mais variadas espécies, suprimidas do solo da Floresta de Carajás – devidamente autorizado pelo órgão ambiental – para dar espaço à mineração.

A parceria foi muito comemorada hoje na cerimônia de assinatura do termo de cooperação, que reuniu o prefeito Darci Lermen; o vice-prefeito Sérgio Balduíno; o presidente da Coopmasp, Sérgio Ferreira; o diretor da Operação Ferrosos Norte, Antônio Padovezi, e da Ferrosos Sul da Vale, Josemar Pires; o prefeito de Canaã dos Carajás, Jeová Andrade (PMDB); o chefe da Floresta Nacional de Carajás, Frederico Drumond Martins; e ainda os secretários municipais e vereadores de Parauapebas.

Os deputados Márcio Miranda (DEM), presidente da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), e Gesmar Costa (PSD), chegaram pela manhã, no município, especialmente para participar do evento, considerado “um marco” na história da chamada capital dos minérios. Nos pronunciamentos, a unanimidade de que a doação da madeira para a Coopmasp é fruto de atuação conjunta da prefeitura, secretarias municipais, polo moveleiro, Vale, Câmara Municipal de Parauapebas, Alepa, Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).

Também é unanimidade de que a cooperação irá fomentar a diversidade econômica de Parauapebas e região. “Estou muito feliz hoje porque sei que isso vai marcar a história do nosso município, do nosso Pará”, prevê o prefeito Darci Lermen. “O que nos une é bem maior do que aquilo que nos separa. Só trabalhando juntos vamos ser fortes. Isso não é demagogia. É a verdade”, enfatizou ele, para reconhecer que se não fosse a boa vontade de todos os envolvidos na parceria “nós não teríamos alcançado isso daqui”.

O prefeito parabenizou os moveleiros por terem “insistido e persistido” em manter vivo o polo mesmo diante das muitas dificuldades e da falta de incentivos, que, por muito pouco, não decretaram o fechamento do local. Atualmente, 85 micro e pequenos empreendedores trabalham no polo, que em novembro deste ano irá completar 20 anos de existência. Com o recebimento da madeira, os moveleiros terão matéria-prima para trabalhar mais duas décadas

Legalidade e Investimentos 

“Com essa madeira, é possível trabalhar por mais 20 anos sem derrubarmos uma árvore sequer”, afirmou o presidente da Coopmasp, Sérgio Ferreira, que anunciou que haverá queda no preço dos móveis produzidos pelo polo. “Vai ser tanta madeira, que não tem jeito: vai baixar o preço. E nossa missão é manter a qualidade, a sustentabilidade e, acima de tudo, a legalidade”, sublinhou ele.

A legalidade é a maior exigência da cooperação com a Vale, conforme explicitou Antônio Padovezi. “Esse trabalho só vai ser realmente sustentável se nós todos caminharmos na trilha da legalidade. E essa trilha não pode ter atalhos”, disse ele. O aviso deve-se ao fato de que a parceria com a Coopmasp é um projeto piloto, que pode ser suspenso em caso de quebra de cláusulas do termo de doação.

“Chegou o momento em que estamos maduros para receber (a madeira). Estamos prontos”, afirmou Sérgio Ferreira. O secretário municipal de Desenvolvimento, Isaías de Queiroz, informou que foi criado um comitê gestor que irá fiscalizar todo o processo de doação “desde a chegada da madeira até a sua distribuição”.

O secretário está confiante nos moveleiros e informou que a prefeitura está trabalhando para incrementar o polo a fim de impulsionar o trabalho e a venda da categoria. A Seden já está providenciando iluminação e câmaras de monitoramento para o local bem como a ronda da Guarda Municipal.

A prefeitura também já autorizou a fixação de placas de identificação sobre o Polo Moveleiro nas rodovias do município, a fim de dar visibilidade ao local. Com o fortalecimento do polo, assinalou Isaías de Queiroz, o objetivo é vender moveis para todo o Brasil e até para o exterior. Tudo com selo de qualidade.

O presidente da Alepa, Márcio Miranda, anunciou que está apresentando emenda ao Orçamento do Estado, para a compra de uma estufa para o polo, para que os moveleiros possam secar a madeira. Num momento de crise tão profunda no País, disse o deputado, “a solução é produzir”.

Mais Madeiras Vistoriadas 

O chefe da Floresta Nacional de Carajás, o biólogo Frederico Drumond Martins, informou que de sexta-feira para cá cerca de 20 mil metros cúbicos de madeira legal foram vistoriados pelo ICMBio, na região. A madeira pertence à Vale, a quem cabe decidir o que fazer com o produto: doar ou vender. O que não pode, aponta Frederico Martins, é deixar apodrecer uma madeira que é legal e que pode agregar valores para a região.

O biólogo participou do processo de doação de madeira para o Polo Moveleiro de Parauapebas e espera que a parceria avance a cada ano. “A Prefeitura de Parauapebas merece os parabéns porque se envolveu muito para isso acontecer. Foi esforço político, de mobilização. A Vale também está de parabéns por olhar para a madeira com outros olhares: da doação”, disse.

Segundo o diretor da Vale Antônio Padovezi, a Vale conta com 411 mil hectares de áreas preservadas enquanto a exploração minerária ocupa 10 mil hectares. “Nós estamos falando de um impacto de 2,5% sobre o que é protegido”, afirmou ele, que garantiu que a empresa pode fazer novos acordos, de longo prazo, desde que apresentem resultados ambiental, econômico e social.

Reportagem – Hanny Amoras

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