Caminhoneiros, colonos, viajantes e pessoas doentes atolados na ‘Transamargura’; veja imagens

Está muito difícil, praticamente impossível, atravessar de Novo Repartimento a Marabá. Se correr por Tucuruí, o bicho pega: a BR-422 está um caos, e você só sabe quando sai, nunca quando chega. Se ficar e tentar passar pela Transamazônica, o bicho come: a BR-230 certamente vai tentar engolir seu veículo no atoleiro.

Nessa hora, somem políticos com mandato, somem governantes, e todo ano é a mesma coisa. A fanpage Novo Pará amanheceu nesta quarta-feira (7) bombardeada de fotos de pessoas que estão tentando passar de Novo Repartimento a Marabá, mas à altura do Km 112 da Transamazônica (para quase todo mundo, “Transamargura”) a situação é crítica.

Somente o vice-prefeito de Novo Repartimento, Alexandre Guimarães, solidarizando-se com o sofrimento de milhares de pessoas que diariamente utilizam a estrada, tomou a iniciativa de pedir à empresa Sanches Tripoloni que dê suporte no perímetro. A Sanches Tripoloni venceu a licitação para asfaltar o trecho de 35 quilômetros entre Marabá e Repartimento.

Em áudio, o vice-prefeito lamenta o fato de famílias inteiras estarem reféns da lama, caminhoneiros perdendo carga, produtores vendo suas mercadorias apodrecerem, pacientes sem poder chegar ao socorro médico. Guimarães expressa seu desejo de tentar amenizar o sofrimento das pessoas que estão na estrada.

O responsável pela empresa, de prenome Marcos Vinícius, diz que na noite de hoje uma equipe vai chegar ao local e tentar abrir caminho, com maquinário, para minimizar os prejuízos.

A distância de condução entre o trevo (em que se cruzam as BRs 422 e 230) de Novo Repartimento e a entrada do núcleo Cidade Nova, em Marabá, é de 180 quilômetros, dos quais 70 estão sem asfalto e se tornam um lamaçal sofrível no inverno. A Sanches Tripoloni terá metade dessa extensão para entregar asfaltada.

ISSO A GLOBO NÃO MOSTRA

Os prejuízos financeiros decorrentes do não asfaltamento da Transamazônica são, anualmente, maiores que seu simples asfaltamento. O trecho paraense da rodovia é de 1.570 quilômetros e, desde 1972, quando foi inaugurada, pessoas nasceram, geraram descendentes, caducaram e morreram, inclusive nela, e ainda assim a BR-230 não foi asfaltada em sua completude. No fundo, o asfalto da Rodovia Transamazônica tornou-se uma bandeira de mentiras e patacoadas políticas, em que diversos candidatos a toda e qualquer coisa sempre se aproveitam do sofrimento da população para prometer o piche. Hoje, quase 46 anos de sofrimento depois, ninguém acredita mais em fadinhas, duendes e delírios mágicos.

Ao longo da “Transamargura” paraense, nos 16 municípios cortados pela BR, moram 930 mil habitantes que têm uma qualidade de vida média similar à de Gana, um dos países mais pobres da África. Por outro lado, essa é a região que mais produz cacau no Brasil, bem como detém rebanho bovino de 5,67 milhões de cabeça, que é superior ao de 15 estados do país. A região é, ainda, uma potência na produção de banana, mandioca e leite, e movimenta uma produção de riquezas expressa em Produto Interno Bruto (PIB) no valor de R$ 16,4 bilhões, maior que o PIB do Acre, do Amapá e de Roraima. Porém, e lamentavelmente, nada disso é levado em conta, e a Transamazônica toca a vida, matando na unha uma parte considerável de brasileiros carentes dos serviços mais básicos em razão da ineficiência moral e humanística das autoridades cuja competência é duvidosa. (Redação Novo Pará | Imagens: Fábio Formachari; Grupos de WhatsApp; Internet)

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