Casal de antas espera ‘selfie’ e depois se manda

O motociclista Ricardo Vieira, morador do Bairro Sol Nascente, em Novo Repartimento, tomou um baita susto ontem (10) à noite quando trafegava pelo perímetro urbano da BR-422, voltando para casa. Por muito pouco, ele não atropelou um casal de antas que resolveu atravessar a pista e cair no matagal, rumo a um banhado nas proximidades.

Antes, porém, os animais selvagens pararam na BR, trocaram olhares e se viraram para Ricardo como se quisessem pedir para tirar fotos. As antas não pareciam assustadas com a presença do motociclista, segundo quem o risco de aqueles mamíferos serem atropelados era grande, visto que o tráfego de carros pela 422 é intenso, por interligar Repartimento à cidade de Tucuruí, a 75 quilômetros, assim como é acesso do Bairro Sol Nascente ao centro repartimentense. Ricardo as fotografou e, após alguns flashes, os grandes herbívoros cascaram o beco, serelepes.

Outro perigo às antas citadinas é acabar se tornando comida para caçadores, tendo em vista que sua carne é bastante apreciada e, facilmente, pode render mais de 100 quilos de peças aproveitáveis, sem contar os ossos. Aliás, é a caça (somada à perda de habitat) a ação mais voraz a consumir as antas, que estão divididas em cinco espécies: a da-montanha, a centro-americana, a malaia, a brasileira (mesma encontrada ontem à noite em Repartimento) e a pretinha. Um exemplar pode chegar a 250 quilos.
O cuidado para quem transita sobre rodas é redobrado ao avistá-las. É que, por exemplo, um carro com peso de uma tonelada, trafegando a 80 quilômetros por hora, ao colidir com uma anta adulta, pode receber impacto equivalente a chocar-se contra uma parede de 1,5 tonelada.

SOBRE ELAS

Antas — cuja identidade científica é “Tapirus terrestres” — são animais bastante comuns na região e os maiores herbívoros da América do Sul. De acordo com a lista de fauna ameaçada em vigor, assinada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a espécie brasileira tem situação vulnerável.
Infelizmente, mesmo aqui na Amazônia, onde é encontrado o maior número estimado de indivíduos, as antas estão se tornando cada vez mais raras. Como sua gestação dura cerca de 400 dias, a reposição de indivíduos na natureza é difícil e lenta.

Em nível ecológico, o desaparecimento das antas do ecossistema causaria desequilíbrio que interfere na vida de todos. Elas estão entre pouquíssimos animais capazes de comer frutos de palmeiras, que são grandes e duros, como o buriti, cujas sementes saem nas fezes da anta e germinam, dando origem a novas árvores e tornando esses herbívoros potentes dispersores de sementes e agentes ativos do ciclo vegetal. Tecnicamente, são consideradas as “jardineiras da floresta” e as últimas moicanas de espécies de megamamíferos na América do Sul.

Fonte: Novo Pará

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