Falta de energia após raio foi causa de alagamento na Hydro Alunorte, diz empresa

Um raio durante noite de fortes chuvas provocou uma falha de energia na refinaria de alumina Hydro Alunorte, da norueguesa Norsk Hydro, em Barcarena, no Pará, o que teria colaborado com uma inundação na unidade, informaram funcionários da empresa à Reuters.

O alagamento está no centro de uma polêmica que envolve a Alunorte, situada a cerca de 100 km de Belém por rodovia, sobre um possível vazamento de resíduos de beneficiamento de bauxita (matéria-prima da alumina) de dentro de suas instalações ao meio ambiente.

Após um laudo do Instituto Evandro Chagas (IEC), vinculado ao Ministério da Saúde, indicar contaminação do meio ambiente e da água da região por resíduos, a Justiça determinou que a empresa cortasse a atividade da refinaria em 50 por cento, decisão que foi mantida na segunda-feira após a Alunorte recorrer da sentença no Tribunal de Justiça.

A empresa, contudo, diz não ter evidências de responsabilidade no alegado problema que teria afetado rios e comunidades em área ambientalmente sensível de floresta amazônica.

Em uma visita da Reuters à refinaria de alumina, a maior do mundo, funcionários da Alunorte explicaram que a falha de energia na noite de 16 de fevereiro provocou o desligamento de bombas que coletam as águas de chuvas.

Isso colaborou para uma grande inundação na chamada área administrativa da Alunorte, composta por escritórios, almoxarifado e também armazém do minério de bauxita, em meio a um grande volume pluviométrico de mais de 200 milímetros em 12 horas.

Nessa área, no entanto, não há depósitos de resíduos de bauxita, que contêm produtos perigosos como soda cáustica, utilizada no beneficiamento do minério, disseram funcionários da Alunorte.

Nas instalações da refinaria, há dois grandes depósitos de resíduos sólidos do beneficiamento da bauxita e diversas bacias de controle de água pluvial, responsáveis por recolher água de chuva da planta e enviá-la para o devido tratamento.

Segundo funcionários, que não são porta-vozes e por isso não foram identificados, a inundação impediu o reacionamento das bombas em condições seguras na área administrativa, onde não há depósitos de resíduos de bauxita.

Outras bombas da unidade em áreas conectadas com depósitos de resíduos de beneficiamento também sofreram desligamentos, segundo a empresa, mas puderam ser rapidamente religadas sem problemas adicionais.

Segundo a companhia, o plano de tratamento de efluentes foi concebido para suportar chuvas excepcionalmente fortes.

TUBULAÇÃO

A empresa afirmou também não ter encontrado evidências de que tenha contaminado o meio ambiente, mas admitiu que um pequeno volume da água de chuva não tratada e acumulada na área administrativa chegou à área de floresta, por meio de rachaduras em um tubo de drenagem que estava fora de operação há anos e vedado.

A tubulação, que a Hydro informou ter sido originalmente usada durante uma construção no local em 2010, portanto antes de comprar o ativo da mineradora Vale, fica em uma área mais alta da planta, que foi submersa pelas águas pluviais, segundo especialistas da Alunorte.

De acordo com a empresa, o volume de água de chuva que passou pelo duto e que não teria tido contato com resíduos do beneficiamento de bauxita, teve vazão de cerca de 7 metros cúbicos por hora, enquanto a empresa trata um volume cerca de 9 mil metros cúbicos por hora dentro de suas instalações, antes de devolvê-lo ao meio ambiente.

Apesar de não entrar em contato com as substâncias do beneficiamento da bauxita, a água recolhida na área administrativa da refinaria por vezes se torna avermelhada, devido ao contato com pilhas do minério, estocado ao ar livre no local. Um pó vermelho pode ser visto por todo lado na refinaria e há tratamento e controle do material, segundo funcionários.

Mesmo assim, a empresa frisou que a água que chegou ao meio ambiente nos dias críticos de chuva não estava em condições impróprias para encontrar a floresta, como pôde ser constatado por duas empresas de análise contratadas pela Hydro Alunorte.

As empresas que fizeram coletas e análises da água para a Hydro foram a Eviro-Tec, cujo relatório pode ser encontrado no site da empresa, e Nalco.

Funcionários mostraram à Reuters a ponta externa do tubo na floresta, já devidamente vedada, e a vegetação no entorno, frisando que não apresentava sinais de vermelhidão.

Devido à paralisação de metade das atividades, a Hydro Alunorte declarou força maior na sexta-feira para entrega do seu produto para alguns clientes.

Apesar de não ter indicação de que seja responsável por contaminação da água da região com resíduos do beneficiamento de bauxita, a Hydro montou uma grande operação para cuidar da questão e garantir a saúde da população da cidade paraense, afirmou na véspera o presidente-executivo da companhia à Reuters, Svein Richard Brandtzæg. Ele disse ainda que a empresa buscará também uma análise independente sobre a situação.

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