Diferença de preço entre minério de baixo e alto teores cai

A diferença de preço para minério de ferro de alto ou de baixo teor deve diminuir nos próximos meses com o aumento do uso de minério de menor qualidade por siderúrgicas chinesas, dizem analistas.

A diferença de preço para minério de ferro de alto, acima ou igual a 62% Fe, ou de baixo teor, abaixo de 62% Fe, deve diminuir nos próximos meses com o aumento do uso de minério de menor qualidade por siderúrgicas chinesas, dizem analistas.

Nos últimos meses, a diferença cresceu rapidamente, prejudicando produtores de minérios com 58% Fe. A média do produto com 62% Fe foi de US$ 85,52 a tonelada, enquanto que o minério com 58% Fe foi de US$ 52,96 a tonelada, o que dá uma diferença de US$ 32,56. Na quinta-feira (20), a diferença era de US$ 29, com esses dois produtos a US$ 65 e US$ 36, respectivamente.

As siderúrgicas chinesas têm motivos para comprar minério de alto teor: otimizar a produção em um cenário de alta do preço do carvão metalúrgico e reduzir a emissão de poluentes.

A Fortescue Metals Group, que vende produto de 62% Fe, mas com um desconto, alcançou uma realização de 76% em relação ao índice Metal Bulletin para esse tipo de minério de ferro no primeiro trimestre com preço médio de US$ 65 a tonelada.

Segundo o CEO da FMG, Nev Power, o mercado para minérios com teor mais alto é relativamente inelástico, ou seja, quedas ou altas de preço afetam menos do que proporcionalmente o volume consumido. Segundo ele, essa diferença de preços não é “estrutural” e deve ser normalizada na segunda metade do ano.

O diretor-geral da Atlas Iron, Cliff Lawrenson, afirma que a companhia pode manter os seus custos perto dos US$ 50 a tonelada, e mesmo assim terá uma margem razoável uma vez que a diferença diminua. “Parece que o desconto vai sumir quando o preço de referência cair”, disse Lawrenson segundo a publicação Australian Financial Review (AFR).

“Se estamos supondo um preço médio entre US$ 60 e US$ 65, isso vai dar, em dólares australianos, uma vez que voltemos a um valor normal nesse tipo de desconto, a alguma coisa perto de 70 dólares [australianos] por tonelada”, diz o executivo.

O economista-chefe do AME Group, Mark Pervan, afirma que já se pode notar a volta das siderúrgicas chinesas ao uso de minérios de baixos teores pelo volume desse tipo de minério nos portos. “No quarto trimestre [de 2016], quando o preço do carvão metalúrgico explodiu, as usinas mudaram rapidamente para minério de alto teor por que elas precisavam produzir mais aço naquele período”, diz Pervan.

“Mas agora elas estão saindo do mercado e usando estoques [dos portos] porque não estão muito preocupadas em produzir muito aço. É por isso que os estoques nos portos estão diminuindo e essa é uma das razões porque o spread [diferença] entre [minério de] 58% e 62% está diminuindo”, afirma o economista

Daniel Morgan, analista de commodities do banco UBS, diz que, apesar de concordar, o desconto atual, ou diferença, não é sustentável. O principal motivo é que o UBS espera que o preço do carvão diminua, mas o combate à poluição gerada por siderúrgicas na China é ainda “uma ameaça mais sustentável”. Com informações da AFR.

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