Parauapebas e a saga por sua orla

Coluna do Branco

Já tratei diversas vezes sobre o rio Parauapebas em diversos textos em meu blog. No total foram sete “reflexões e provocações” sobre o referido recurso hídrico que margeia e abastece a “capital do minério”, cada vez mais de forma escassa e insuficiente. Pois bem, no mesmo contexto, há um velho e antigo desejo de quem mora na cidade: a construção da orla, que seria um amplo e talvez, o mais importante espaço de lazer gratuito aos seus moradores.

Por seu perfil econômico, Parauapebas tornou-se um município voltado ao trabalho, com pouca socialização entre seus moradores fixos ou em trânsito. Com poucas opções de lazer, tornou-se praxe no convívio social as pessoas buscarem entretenimento dentro da própria casa, convidando amigos, aproveitando a piscina (quando tem) com bebidas e um bom churrasco. A “capital do minério” tem em sua composição social, pitadas depressivas a quem vive aqui, especialmente aos que vieram de grandes centros urbanos.

O projeto de construção de uma orla em Parauapebas não é novidade. Já até caiu no imaginário popular, sendo “requentado” de vez em quando, por conveniências políticas na maioria dos casos. Os primeiros “traços” do projeto ocorreram na virada do milênio, na gestão da ex-prefeita Bel Mesquita. Não passaram de pretensões, restrito apenas aos programas de computador e maquetes do que se pretendia fazer na prática.

Nos oito anos do governo de Darci Lermen nada concreto foi realizado, apenas alguns ensaios, como cadastramento de famílias e algumas tratativas em relação ao projeto, sempre restrito a retórica verbal. Os recursos não eram suficientes e haviam outras obras, prioridades a serem feitas na cidade. Essas eram as justificativas apresentadas quando as cobranças eram feitas.

O ex-prefeito Valmir Mariano assumiu o governo no início de 2013 com a promessa de realizar a obra. Apresentou o projeto com uma das suas prioridades. Seria um dos pilares do PDE – 500 mil habitantes (Plano de Desenvolvimento Estrutural). Em 2014, no mês de junho, foi apresentado em audiência pública realizada pela prefeitura, os detalhes técnicos e desdobramentos da obra. Parecia que a partir daquele momento o processo iria avançar. Ledo engano.

Na época o então prefeito Valmir Mariano afirmou: “Esse projeto de grande envergadura vai transformar Parauapebas em um dos municípios interioranos do Brasil de maior destaque”, reforçando que o investimento na macrodrenagem e revitalização da orla do rio é uma das ações do governo para preparar a cidade para o futuro, que vai melhorar consideravelmente a mobilidade urbana e o paisagismo.

A obra estava orçada naquele momento em mais de um bilhão de reais e contaria com o apoio do governo federal por meio do Ministério das Cidades. O ex-secretário de Obras municipal, Raimundo Queiroga, responsável pela apresentação do projeto, afirmou à época que a licitação para obra, começaria no semestre seguinte, ou seja, a partir de agosto de 2014. A gestão se encerrou no fim de 2016 e nenhuma ação prática foi realizada.

O projeto em sua concepção teórica é para ser realizado em duas etapas: a primeira compreenderá o percurso que vai da portaria de acesso a Carajás até a Chácara da Lua no bairro Primavera. A outra seria obras de macrodrenagem no igarapé Ilha do Coco e Riacho Doce, e córregos do Guanabara II, da Chácara do Sol e Caetanópolis. A revitalização dos igarapés e córregos será acompanhada da construção de parques e bosques, implantação de academias ao ar livre, parquinho infantil, quadra de esportes, entre outras opções de lazer para a população da cidade. Ao todo mais de 17 quilômetros de áreas, incluindo a obra de macrodrenagem e a orla, seriam revitalizadas.

O ano de 2017 chegou e com ele a nova gestão que tratou de renovar as esperanças da realização da orla. O prefeito Darci Lermen esteve recentemente em Brasília em busca de apoio e parcerias para a execução do projeto. Foram aprovados 70 milhões de dólares que serão repassados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) em caráter de empréstimo para serem aplicados em saneamento básico em Parauapebas. Resta saber quanto do valor seria utilizado no projeto da orla.

O projeto de construção da orla é de fundamental importância para o município. No meu entendimento têm duas frentes de ação claras e necessárias para o futuro da capital do minério: a questão ambiental e econômica (criando uma cadeia de fomento a criação de estabelecimentos comerciais e empregos). Inegavelmente, cidades que possuem espaços públicos à beira-rio, criam condições de desenvolvimento de suas economias. Exemplos não faltam.

Ainda teria em seu cerni a eliminação ou pelo menos, amenizar as inundações que ocorrem no período de cheia ocasionados pelo período de maior índice pluviométrico, por ocasião do inverno amazônico, nas áreas que margeiam o rio e são tomadas por ocupações irregulares; melhoramento do saneamento básico e mobilidade urbana, haja vista, que o projeto contempla uma ampla avenida.

Há 17 anos de discute o projeto da orla, quatro governos completos passaram no período. A quinta gestão iniciou recentemente. Quanto tempo ainda restará para o avanço para além da retórica das pretensões? Será que o atual prefeito Darci Lermen, em seu terceiro mandato na “capital do minério” irá realizar a obra?

Parauapebas não pode mais esperar por um espaço de lazer público. Apesar de seu perfil trabalhista, não só de trabalho vive o homem. O lazer é fundamental e revigorante. Ano que vem completaremos 30 anos, três décadas de emancipação. Ficar à beira de um lago artificial, sem infraestrutura é pouco. A orla não pode esperar, ainda mais em um município que gera tanta riqueza, mas pouco a transforma em entretenimento de qualidade aos seus cidadãos.

Por.

Henrique Branco

 

 

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