Curionópolis sedia audiência pública para debater ampliação da mina Serra Leste

Mais de mil pessoas, entre sociedade civil, autoridades municipais e estaduais e líderes comunitários se reuniram nesta quinta-feira (24), no Teatro Municipal de Curionópolis, no sudeste do Pará, com o objetivo de participar da Audiência Pública do projeto Serra Leste 10Mtpa, de responsabilidade da empresa Vale S.A, que visa a expansão da Mina Serra Leste já existente, destinada à extração de ferro.

Coordenado pelo Secretário Adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Thales Belo, o evento teve como finalidade apresentar o projeto e informar as comunidades direta ou indiretamente envolvidas pelo empreendimento, sobre os potenciais impactos ambientais e sociais que poderão ser gerados com a ampliação da Mina, além de esclarecer dúvidas relacionadas a viabilidade ambiental e discutir o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do empreendimento.

Antes da Audiência Pública, na terça-feira (22), a equipe técnica da Semas realizou uma reunião prévia no distrito de Serra Pelada, que contou com a participação de mais de 400 pessoas. O objetivo da reunião foi oferecer um momento mais próximo com as comunidades para esclarecer e retirar dúvidas a cerca do projeto, para uma participação mais efetiva na audiência. Na quarta-feira (23), os técnicos também visitaram as estruturas da Mina Serra Leste e as áreas que poderão ser utilizadas para ampliação durante uma vistoria técnica, acompanhada pela equipe da Vale, para averiguar e recolher dados e registros fotográficos que deverão subsidiar o parecer técnico a ser emitido no processo de licenciamento ambiental.

Na abertura da audiência, o secretário adjunto da Semas, Thales Belo, destacou a importância da presença do Estado. “Estamos presentes para discutir a solicitação de expansão do projeto Serra Leste. O nosso foco é ouvir a comunidade e as demandas locais, observar a realidade e explanar sobre o projeto e seus possíveis impactos que envolvem o meio biótico, físico e socioeconômico. É importante que os que estão presentes se tornem multiplicadores das informações aqui obtidas para que todos possam contribuir de alguma forma, visto que tudo foi registrado e será levado em consideração na análise do projeto”, explicou.

O evento contou com a presença de representante do Ministério Público Estadual (MPE), prefeitura de Curionópolis, Eldorado dos Carajás e distrito de Serra Pelada, das Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Administração, Assistência Social, Saúde, Infraestrutura e Mineração, presidentes de diversas associações comunitárias e cooperativas locais, além do representante da Câmara de Vereadores, Francisco Adherbal, e da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), o deputado estadual e líder de governo Eliel Faustino, representando também o Conselho Estadual de Meio Ambiente (COEMA).

A apresentação do empreendimento foi feita pelo gerente de licenciamento ambiental da Vale, João Carlos Henriques, que explicou detalhes do projeto. De acordo com as manifestações, um dos principais interesses da população é a geração de emprego e renda que acontecerá caso a ampliação do projeto seja aprovada. Ele explicou que “a previsão é que 1.300 vagas sejam geradas na fase de construção das estruturas de ampliação do empreendimento. Após a conclusão das obras, na fase de operação, espera-se um total de mais de 400 empregos para atuação na mina, usina e pátios de carregamento”.

Representante do MPE, Josiel Gomes destacou que “o Estado está de olhos abertos para o que se pretende. Queremos que esse seja um marco de dinamismo, evolução e crescimento da cidade”. O prefeito de Curionópolis, Adonei Aguiar, explicou que os impactos do empreendimento na região são causados diretamente ao distrito de Serra Pelada, onde vivem mais de seis mil pessoas, mas com a ampliação do projeto há esperança. “A expectativa da sociedade é que gere empregos e que a gente possa condicionar algumas coisas para que o município também ganhe no quesito infraestrutura e atendimento à sociedade”, comentou.

Morador do distrito, Ramon Marques trabalha com agricultura. Ele conta que desde a implantação da mina Serra Leste, é possível observar mudanças significativas na região . “Estamos em um processo de reorganização da sociedade, com novas entidades que vão nos ajudar a fazer uma nova realidade. Com a ampliação desse projeto, esperamos novos investimentos e ampliação de boas ações já existentes, como o projeto de avicultura. Queremos construir uma cidade que seja auto sustentável também mesmo após a mineração. Temos esperança”.

Ao todo mais de 100 manifestações orais e escritas foram recepcionadas durante o evento. O secretário adjunto da Semas, Thales Belo, avaliou a audiência como positiva. “O Estado está muito voltado para a questão da demanda da socioeconomia, principalmente pelo que foi tratado por parte da sociedade, pela preocupação em relação a dinâmica dos impactos e com a demanda que envolve empregos diretos e indiretos para essa população que aqui reside. Então, dentro de uma análise técnica, o Estado, através da equipe responsável pelo licenciamento ambiental, com certeza vai levar em consideração tudo o que foi exposto. A audiência foi bem produtiva”.

Todos os questionamentos levantados durante as ocasiões deverão subsidiar os pareceres técnicos a serem emitidos pela equipe da Semas no processo de licenciamento ambiental do empreendimento e a análise que será feita pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (COEMA) para avaliação sobre a possível deliberação de licença prévia, que aprova a localização e viabilidade socioambiental do empreendimento.

A Semas receberá ainda, por um prazo 10 (dez) dias úteis a contar das datas de realização da audiência, manifestações e sugestões que serão anexadas ao processo administrativo do licenciamento do empreendimento, que poderão ser enviadas por meio do site da Semas, no endereço eletrônico www.semas.pa.gov.br

Dados sobre o projeto

O projeto Serra Leste 10 Mtpa está instalado no município de Curionópolis, a 550 km de Belém, inserido na Província Mineral de Carajás (PMC). A ampliação do Projeto Serra Leste prevê a extração e o beneficiamento de 10 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, em um tempo de vida útil de aproximadamente 11 anos. Para a implantação estão previstas uma série de ampliações das estruturas existentes e a abertura de novas estruturas – novas cavas para extração de minério, novas pilhas de disposição de estéril e nova usina de beneficiamento, bem como adequação e ampliação das estruturas de apoio existentes.

A Mina Serra Leste está em operação desde 2015. De acordo com a Vale, do período de 2013, ainda na fase de implantação, até julho de 2017, o projeto Serra Leste gerou ao município de Curionópolis cerca de R$ 42 milhões por meio do Imposto sobre Serviços (ISS) e a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem).

O licenciamento do projeto Serra Leste iniciou na Semas em 2006, a Licença Prévia foi concedida em 2009. O primeiro projeto protocolado foi para extração de dois milhões de toneladas/ano de minério de ferro e operação em 2015. Ainda no ano de 2015, o projeto sofreu expansão de produção para seis milhões de toneladas/ano, usando a mesma área já licenciada, subsidia por Plano de Controle Ambiental. O projeto de ampliação para 10 milhões de toneladas/ano foi protocolado na Semas em 2016 e está sob análise.

 

 

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