O ciclo do ouro no Sul e Sudeste do Pará

Dando continuidade as publicações em comemoração aos 50 anos da descoberta de Carajás, abordarei sobre os depósitos de ouro que movimentaram o sul do Pará na década de 80 e em partes das décadas de 90 e 2000, implantando na região o maior garimpo a céu aberto do mundo, que reuniu 90 mil homens e produziu aproximadamente 52 toneladas de ouro. Espero que apreciem!

Em 1976, nove anos após a descoberta dos depósitos de ferro e manganês de Carajás, geólogos da Docegeo descobriram ouro na região da Serra das Andorinhas, localizada entre os municípios de Rio Maria e Xinguara. No ano seguinte, com a chegada de garimpeiros, que se instalaram principalmente ao longo da PA 150, houve saturação de mão de obra, o que ocasionou migração para novas áreas e descobertas de novos depósitos. Em meados da década de 70, a extração de cassiterita (minério de estanho) concentrava trabalhadores no município de São Félix do Xingu, porém em 1978, com a queda do preço do estanho e subida da cotação do ouro, garimpeiros se deslocaram pra nova fronteira aurífera do estado.

Garimpeiro bateando na região da Serra das Andorinhas

Em dezembro de 1979, o proprietário da Fazenda Três Barras, localizada próximo a PA 275, à altura do Km 30, Sr. Genésio Ferreira da Silva, determinou que uma equipe realizasse limpeza para ampliação da pastagem, quando um de seus funcionários retornou do igarapé denominado Grota Rica, onde foi lavar louças, impressionado com a quantidade de ouro que havia encontrado no córrego. O proprietário da fazenda logo contratou um geólogo para solicitar requerimento de exploração de ouro no DNPM, porém este já havia sido fornecido para a Docegeo, que possuía direito de pesquisa da área, além da região estar dentro do decreto de lavra da Serra Leste, de titularidade da CVRD. Desta forma foi descoberto o ouro de Serra Pelada.

Localização da Serra das Andorinhas, Rio Maria-PA.

Após a descoberta do depósito, milhares de garimpeiros migraram pra Grota Rica, sendo que inicialmente a Docegeo realizava compra do ouro extraído, porém nos anos seguintes, este ouro seria comercializado exclusivamente com a Caixa Econômica Federal. Os técnicos da Docegeo atuantes no garimpo de Serra Pelada solicitaram para empresa envio de seis milhões de cruzeiros, atualizando para moeda corrente corresponde a aproximadamente 2 milhões de reais, para comercialização do ouro produzido na Serra, o que acabou sendo muito pouco frente ao gigantesco depósito encontrado. Para se ter uma idéia da dimensão do garimpo, em um dia a Docegeo comprou o equivalente a dois milhões de cruzeiros em ouro dos garimpeiros, o que representaria a comercialização da produção de 7 meses da Serra das Andorinhas.

Neste período, garimpeiros que não conseguiram colocação no Km 30 e em Serra Pelada, migraram e descobriram ouro na região do Salobo e em outras grotas na área da CVRD em Carajás. Houve, só no igarapé Salobo e grotas afluentes, cerca de 3 a 4 mil garimpeiros.

Primeiro posto de compra de ouro da Docegeo

Curiosidades sobre Serra Pelada:

Entre 1981 e 1992, aproximadamente 90mil homens migraram para Serra Pelada em busca de ouro, sendo extraídos aproximadamente 52 toneladas do metal (estimativa incluindo a extração clandestina).

Em junho de 1983 foi encontrada a segunda maior pepita de ouro do mundo, uma pedra de 36 kg no garimpo.

Estima-se que logo no início da década de 1980, a mortalidade diária era entre 10 a 15 homens.

Em 1984, a Companhia Vale do Rio Doce recebeu indenização de US$ 69 milhões do governo, sendo acertado que o garimpo permaneceria aberto por três anos ou quando alcançasse a cota 190, com vinte metros de profundidade.

O filme “Serra Pelada” do diretor Heitor Dhalia lançado em 2013 no Brasil, retrata com qualidade o dia a dia e a forma de pensar e agir no garimpo de Serra Pelada.

Retrospectiva:

1967 -> Descoberta de Carajás;

1976 -> Descoberta do ouro de Serra das Andorinhas, em Rio Maria;

1977 -> Descoberta do ouro de Serra Pelada;

1992 -> Fim da exploração pelos garimpeiros de Serra Pelada;

1993 – 2006 -> Vale deteve direito de lavra da região;

2007 -> Vale cede direito de exploração a Coomigasp – Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada, às atividades em parceria com a empresa canadense Colossus;

2014 -> Colossus encerra as atividades em Serra Pelada;

2017 -> Sona Mineração inicia pesquisas na montoeira (rejeito) oriunda do garimpo e fecha parceria com a Coomigasp para exploração do mesmo.

As informações foram extraídas de entrevista dada ao jornalista Lúcio Flávio Pinto, publicada na Agenda Amazônica, edição nº 11, de julho de 2000, assim como do livro Pelas Pedras do Caminho Mineral, publicado em 2010 pela editora Signus. As fotos utilizadas nesta publicação são oriundas de arquivo fornecido por Breno Santos denominado Pelas Pedras da Amazônia.

Por.

Camila Rodrigues

 

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0 thoughts on “O ciclo do ouro no Sul e Sudeste do Pará

  1. Estamos a companhado as notícia E rerembrando os anos 80 a os 90 era ou tempo da crorida do ouro na Serra pelada e no sul e sudeste do para HJ a onde tem as maiores mina de ouro as riqueza do Brasil estamos juntos nesta recordação vamos nessa ok.

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