Opinião | Já era hora de Canaã ter a sua parada gay também

Por: Kleysykennyson Carneiro

Meninos, eu vi no horizonte a esperança surgir. Vi o Vale do Unicórnio Lilás. Vi as certezas e os conceitos arcaicos caírem por terra, Nasceu a esperança num amanhã melhor. Vi a mistura das cores, das raças, dos sexos, dos signos… Tudo aconteceu de repente e ninguém soube explicar, mas o caso é que eu vi. Venderam a cerveja, o espeto, o anticoncepcional, a camisinha, os motéis ficaram lotados… E tudo fluiu. As máscaras caíram. O novo se fez.

Os meninos saíram do armário. As meninas perderam o medo. E saíram aos pares, aos blocos e aos trios. Fizeram o carnaval. O protestante viu da janela que tudo era bom e caiu na folia. Se deixou levar por beijos triplos, por vinho barato (comprado na banca da esquina) e não se importou com mais nada. O carnaval, o carnaval… E ainda era setembro, quem diria… Quem diria que a vida é poesia? Que o cinza se desfaz com um arco-íris em seu lugar. As tensões da política esfriaram, os secretários e vereadores acompanharam as mona e as mina que curte outras mina… E todo mundo se desfez dos preconceitos e o planeta se refez de esperança. Canaã foi ao futuro e o muro caiu… As amarras com o passado ficaram para lá, sobraram braços para cá, um amasso por ali, meia hora de motel acolá.

Em algum lugar pra lá do arco-íris deve haver amor por aí, despedaçado, esquecido, em brasa. Viram o eleitor do Bolsonaro e do Lula darem as mãos, se abraçarem e enroscarem as línguas mornas num beijo pouco cogitado, porém compreensível. Engataram dali, da Parada, um romance astral para toda a vida e espalharam para o mundo que tanta discordância política nada mais era do que tesão reprimido. E o carnaval gay, mulato, cafuzo continuou na Wayne, passou pela Pioneiros e foi direto ao coração de quem não cria mais em nada. Passaram em frente à Prefeitura e disseram que a guerra havia acabado. O prefeito abriu o bico e disse, em um discurso com o rosto cheio de purpurina, que o bilhão apareceria. Aproveitando a paixão em seu coração, disse que demitiria os ASPONES e os secretários-deuses e que compraria com o valor economizado fantasias de unicórnio para todo mundo.

A Parada era gay, mas era de todo mundo. Não houve viva alma fora da folia. Cartazes de Anitta, Pablo Vittar e Daniela Mercury espalharam-se aos montes. A Parada parou uma guerra que acontecia dentro de todos nós. E Canaã mudou e Canaã foi ao futuro. As bandeiras do preconceito foram ao chão e quem acreditava que a discriminação ainda era caminho, foi embora, pois não se sentiu bem em uma cidade com tanto amor e tanta decência de sentimentos.

Já era hora de ter Parada Gay por aqui. Pelo orgulho ferido, pelas micaretas de amor e paixão, pela economia, por mais lugares além do arco-íris, com unicórnios dourados, lilases e por mais amor no coração.

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