RENCA – O Lado oculto

O presidente Michel Temer extinguiu por decreto, em 23 de agosto, a Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca), uma área rica em ouro e outros minérios e de 4,7 milhões de hectares na divisa entre o Sul e o Sudoeste do Amapá com o Nordeste do Pará. O decreto foi revogado quatro dias depois, sob a justificativa presidencial de torná-lo mais claro, após repercussão negativa.

OS ALMOFADINHAS
Eles vivem no Rio, São Paulo, Brasília, alguns em capitais menores, e conhecem desempregados e favelas apenas pelas novelas, notícias de tv e pela internet. Moram confortavelmente, têm ótimos salários, mordomias, viajam pela Europa e EEUU com frequência, a custo zero, aliás, bancados por grandes empresas estrangeiras ou por ONGs.

AS MARIAS-VÃO-COM-AS-OUTRAS
São intelectuais à busca de quem lhes dê confortável suporte financeiro, artistas de cachê milionário em busca de dinheiro e de uma imagem de “politicamente correta” para conquistar mercados, e seus seguidores, marias-vão-com-as-outras, pobres de conhecimento ou remediados, e que também nunca puseram os pés fora dos grandes centros.

SOS
Eles ouvem falar em florestas e em índios e se os soltarmos dez metros para dentro de uma mata irão depender de helicóptero de Corpo de Bombeiros para localizá-los e salvar suas vidas alienadas da realidade. Perdem-se até no Jardim Botânico no Rio de Janeiro. Dramas sempre contados nos jornais na televisão.

IRACEMA E PERI
A melhor imagem de índios em suas cabeças são aquelas dos romances de Gonçalves Dias. Eles nem imaginam que no meio da mata índios garimpam clandestinamente, que índios adoram dinheiro, que índios vendem madeira – claro, na clandestinidade também. E que são os garimpos clandestinos que se utilizam de mercúrio e derramam o metal no rio ou em qualquer lugar.

EFICIÊNCIA
Eles não conhecem os métodos de depuração de ouro utilizados pelas empresas legalizadas, onde os solventes são mantidos em circuito fechado, por questão de economia até, e nunca são desperdiçados ou lançados na natureza. Tecnologia a serviço da eficiência. Como não conhecem o planejamento das mineradoras antes de iniciar sua produção.

TRAIDORES DA PÁTRIA
Eles não conhecem os riscos que o Brasil já correu, antes do Governo Militar, de perder a Amazônia para potências econômicas da Europa e América do Norte, que chegaram a treinar, pagar e armar brasileiros e os devolviam para fazer guerrilha no Norte do país, -região da qual pretendiam se apossar- e que foram duramente combatidos por nossas Forças Armadas.

ESTRANGEIRO É BONZINHO
Eles acham que o estrangeiro é bonzinho e despende fortunas à toa com preservação em um território que nem lhes pertence, a troco de nada. Eles não sabem que a área mais bem preservada na região de Carajás é exatamente aquela onde opera uma grande mineradora brasileira e que o entorno, este sim, está a cada dia sendo mais devastado.

TESOUROS DESCONHECIDOS
Eles não têm ideia dos tesouros que a floresta contém em seu bojo, insumos dos quais grande parte de laboratórios tira seus maiores lucros. De onde tiram amostras que levam para cultivar em seus laboratórios secretos mas que jamais conseguem a qualidade de nosso produto nativo. E dos materiais que ainda estão longe de ser totalmente estudados.

TEMPO PARA DAR O BOTE
Eles querem apenas tempo. Mais tempo. Para consolidar entre os próprios brasileiros a sua ideia de que a Amazônia não pertence ao Brasil, mas ao mundo. Mais tempo para hora destas qualquer apanhar um governo fraco e firmar um acordo pelo qual eles, e só eles, poderão minerar, explorar as jazidas e florestas da Amazônia Brasileira. Como as cobras e as onças, a hora de darem o bote.

SÓ ELES
São estes, amigos, exatamente estes, que levaram ao presidente do Senado na semana passada, um abaixo-assinado com um milhão e meio de assinaturas contrárias à liberação da RENCA para a mineração legalizada, fiscalizada e acompanhada pelos cidadãos e pelas instituições nacionais. Consola-nos saber que não há entre elas uma assinatura sequer de nós que moramos no Norte, que moramos na Amazônia, que vivemos aqui.

Por: Chico Brito, Colunista do Portal Canaã.

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