A proposta de eleições para Diretores de escolas públicas voltou à ordem do dia na última semana. Em uma rede social, assim que eu disse que isto exige maiores considerações e amadurecimento, minha postagem foi taxada de ditatorial e antidemocrática. Mas o alerta foi dado para que sejam tomados todos os cuidados com grupos que querem ser os “donos” da Educação, em Parauapebas especialmente.
EDUCAR NÃO É CATEQUIZAR
Muitos são os que de fato não pretendem educar, mas catequizar e isto é uma truculência especialmente quando se faz com jovens, exatamente no momento mais sensível da formação de sua mundividência, de sua consciência do estar no mundo. Este caminho produzirá pessoas que estarão um dia até matando em nome de um partido politico, de uma ideologia, de uma religião, como estamos fartos de presenciar no mundo atual.
CIDADÃOS LIVRES
Partindo nós do ponto zero verificamos que a finalidade da verdadeira Educação é uma só: formar pessoas capazes de pensar por si mesmas, livres, enfim, para pensar por si mesmas, mas também capazes de argumentar com seus semelhantes, de aceitar os que pensam de modo diferente, dialogar com estes, e conviver pacificamente e civilizadamente com os contrários. Não de considera-los como inimigos.
A FORMAÇÃO DE DITADURAS
Tomando como modelo a célebre frase de Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo: “Civilização é esterilização”, ou a frase de George Orwel, autor de 1984, eu digo que catequizar é idiotizar. Catequizar é o caminho para o ambiente criado por Orwel em seu romance, o do Big Brother. Catequização é o caminho para totalitarismos, para ditaduras, sejam de direita ou de esquerda.
DIÁLOGOS, NÃO AGRESSÃO
Minha postura não é contrária a eleições para diretores de escolas. Na discussão em grupos de WhatszApp desta semana não foi isto que afirmei. Pedi que se trate o assunto com toda a cautela. Nem pedi que se considerasse a legislação, que impede tais eleições. Pedi, como certamente pediria Sócrates, que sejam debatidos exaustivamente e sem paixão os pontos negativos e os positivos que envolvem a questão.
EM PARAUAPEBAS
E pedi que essa discussão fosse chamada à realidade de Parauapebas, que se apontassem mecanismos eficazes para impedir que eleições nos colégios se transformem em prévias de eleições para vereadores. Que se elejam profissionais comprometidos não com ideologias mas cuja única orientação seja conduzir alunos e pessoas à sua plenitude como pessoas, à plena liberdade responsável.
PROPOSTAS
Até cheguei a sugerir que entre as regras que se venham a elencar a primeira fosse a vedação expressa de candidatura a quem fosse filiado a qualquer partido político. Para que as escolas não se transformem em bunkers partidários ou em trampolim para a conquista de cadeiras no Legislativo ou outros cargos na estrutura do Poder. Que se evitem desvios desonestos de finalidade nessas eventuais eleições.
É PARTE ESSENCIAL
Desagradei, com minhas publicações? Pois é. Nem poderia ser diferente. Lembrando mais uma vez George Orwel, “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”.
