O texto é parte de um poema do meu livro O RETINIR DO MALHO NA BIGORNA.
Consciência Negra
Ah, a dor e a lembrança do degredo
E o prazer supremo do perdão!
Enquanto inventas a vida
Lambo no rosto o sal de meu suor,
E o peito arrebenta a roupagem de heras
Para se expor, magnífico, ao sol.
Ritmo de tambor, Senghor, tantãs,
Compasso fundo de meu coração.
Tudo são evidências
De existir, de amor.
Não tenho riquezas, não tenho medos,
Não tenho segredos,
A não ser
Este singelo sol interior
E a volúpia de meus pés desnudos
Se enraizando no chão.
O meu passado engrossa minhas veias
Como lodo,
Vertiginoso, perigoso, puro,
E este fio fino
É o que detém ainda
A invasão da loucura.