Vale quer desacelerar o desenvolvimento do S11D, afirma executivo

A Vale pretende desacelerar e limitar o desenvolvimento do maior projeto de produção de minério de ferro da empresa, o S11D. De acordo com Peter Poppinga, diretor-executivo de Ferrosos da mineradora, o mercado não compreendeu os planos da companhia para expandir o projeto, localizado em Canaã dos Carajás, que será desenvolvido gradualmente em quatro anos.

“Uma das coisas que o mercado não vem entendendo bem é como a Vale pretende expandir o S11D”, disse ele. “Decidimos seguir uma abordagem gradual, na qual não vamos desenvolver o S11D em dois anos, mas em quatro anos”, ressaltou.

O S11D era visto como um projeto que produziria 90 milhões de toneladas por ano da matéria-prima usada na produção de aço, mas a capacidade de infraestrutura da Vale no Norte do Brasil indica que, na realidade, vai colocar 75 milhões de toneladas no mercado, que já sofre com excesso de produção.

“Não estamos [em] um jogo puramente de volume. Achamos que a abordagem apropriada […] é maximizar nossas margens”, disse Poppinga, em entrevista em Londres na semana passada.

Durante o chamado superciclo das commodities, as mineradoras investiram bilhões de dólares em novos projetos de minério de ferro, uma vez que a rápida urbanização da China levava o país a absorver volumes cada vez maiores da matéria-prima.

Grande parte dessa nova produção, no entanto, apenas chegou ao mercado quando o crescimento da China começava a diminuir. Os preços caíram e agora estão aproximadamente a US$ 55 por tonelada, cerca de 70% a menos do que no pico, em 2011.

Embora a maioria dos grandes fornecedores, como a BHP Billiton e a Rio Tinto, ainda tenham planos para elevar a produção, as empresas vêm priorizando o retorno e o lucro em vez do volume produzido.

Quando os planos de expansão estiverem concluídos, a Vale terá capacidade para produzir 450 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. “Mas isso não significa que vamos usá-la”, disse Poppinga, que prevê uma faixa de preços entre US$ 50 e US$ 60 por tonelada para a matéria-prima no próximo ano.Vamos olhar o mercado com maturidade e vamos sempre voltar o foco para a maximização de nossas margens”, disse.

A Vale, com sede no Rio de Janeiro (RJ), busca reduzir seu endividamento líquido em pelo menos US$ 10 bilhões até o fim de 2017, desfazendo-se de operações secundárias e por meio de outras iniciativas.

Além da queda nos preços das commodities, a Vale, controladora da Samarco junto com a BHP Billiton, tem de lidar com as consequências do rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG), em novembro do ano passado, que provocou a morte de 19 pessoas.

Sobre o retorno das atividades da Samarco, paralisadas desde a tragédia, Poppinga afirmou que a Vale prevê a retomada “de forma otimista, em meados de 2017” e de “forma realista em algum ponto na segunda metade de 2017”, afirmou Poppinga.

As empresas ainda se deparam com possíveis ações judiciais no Brasil relacionadas ao rompimento da barragem, que, segundo um relatório técnico divulgado em agosto, foi motivado por problemas de drenagem e de projeto.

Poppinga disse que a Vale ainda tem interesse no empreendimento com a mineradora de minério de ferro Fortescue Metals Group (FMG), da Austrália, para formar um joint venture de blendagem de minério de ferro. O projeto poderia produzir uma combinação mais adequada para alguns consumidores e permitir que as duas cobrassem um valor adicional pelo produto, compartilhando os ganhos. “[Já] fizemos todos os testes”, disse Poppinga. “[Mas] está levando mais tempo do que o esperado no lado comercial”, afirmou o executivo. Com informações do The Financial Times.

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