Casos de leishmaniose preocupam os moradores de Canaã dos Carajás

A população de Canaã dos Carajás está preocupada com os casos de leishmaniose em humanos.  Em 2016, teve três casos confirmados, no entanto eram importados, ou seja, infecção pela doença não ocorreu no município. Segundo o departamento de vigilância em saúde do município, até o momento, em 2017, tem  4 casos confirmado de LV em humanos.

Em nota enviada ao Portal Canaã, o departamento de vigilância em saúde do município reforçou que a Secretaria de Saúde esta fazendo o possível, dentro de suas possibilidades para intervir e combater esta doença. Neste mês de agosto houve capacitação dos agentes de endemias e agentes de saúde sobre a doença; logo em seguida fizemos capacitação com médicos e enfermeiros das USF e Hospital. O Departamento de Vigilância em Saúde já preparou material didático (vídeos e slides) para que as equipes de saúde possam repassar informações para a população por meio de palestras na recepção das unidades, centros comunitários e também escolas.

Ainda de acordo com o departamento de vigilância em saúde do município, o setor de compras da SEMSA já está providenciando folders para que seja feito distribuição na cidade, através dos agentes de endemias e de saúde. No mês de maio deste ano, a Secretaria de Saúde do Estado veio até Canaã e realizou inquérito vetorial, ou seja, busca e identificação do mosquito transmissor da doença nos diversos bairros da cidade. O resultado foi que o maior índice de infestação ocorreu no bairro Novo Paraíso.

Posteriormente, já no mês de agosto, uma equipe da 11ª regional de saúde de Marabá, veio ate Canaã e realizou treinamento de nossos médicos veterinários para utilização do teste rápido de LV canina. É um teste de triagem, de 90% de especificidade, ou seja, as possibilidades de um animal ter Calazar comprovado que teve teste rápido positivo são de até 90%.

Com a implantação do teste rápido canino, foi possibilitado o atendimento de denuncias de animais suspeitos. Equipe de saúde se dirige até residência da pessoa que realizou a denuncia, avalia os sintomas clínicos do animal e se necessário realiza a testagem. Caso o exame seja positivo a equipe de saúde coleta uma amostra de sangue para enviar ao LACEN (Laboratorio Central do Estado) que serve de contra prova para confirmar ou descartar a doença. Além disso a equipe de saúde repassa as devidas orientações quanto aos cuidados com animais e meios de prevenção da doença.

Outra ação que a Vigilância em Saúde passou a desenvolver após aquisição dos testes rápidos caninos foi o inquérito canino. Nesta atividade, a equipe de saúde se dirige há alguns bairros selecionados do município (bairro onde foram confirmados casos de LV humana e bairros onde se detectou a presença do vetor) e realiza a coleta de sangue para análise de todos os cães daquela localidade. Após a coleta e analise do sangue, o dono do animal é informado do resultado e orientado quanto ao processo de eutanásia do animal.

Até o momento foram realizados 107 testes rápidos em cães, destes foram 71 negativos e 36 positivos, ou seja, temos um percentual de positividade de 33,5%.

Sobre a doença

 Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença infecciosa sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, aumento do fígado e baço (hepatoesplenomegalia), perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações. Pessoas residentes em áreas onde ocorrem casos de leishmaniose visceral, ao sentirem esses sintomas devem procurar o serviço de saúde mais próximo a sua casa o quanto antes, pois o diagnóstico e o tratamento precoce evitam o agravamento da doença, que pode ser fatal se não for tratada.

A transmissão acontece quando fêmeas de insetos flebotomíneos (mosquito palha, tatuquiras, biriguis, conhecidos popularmente) infectados picam cães ou outros animais infectados e depois pica o homem transmitindo o protozoário Leishmania chagasi. O ciclo biológico do vetor ocorre no ambiente terrestre e passa por 4 fases: ovo, larva, pupa e adulto (forma alada). Desenvolvem-se em locais úmidos, sombreados e ricos em matéria orgânica (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os flebotomíneos se desenvolvem). O desenvolvimento do ovo à fase adulta ocorre em cerca de 30 dias.

O combate ao mosquito vetor se dá por meio da higiene ambiental (manejo ambiental). Ou seja, por meio de limpeza periódica dos quintais, retirada da matéria orgânica em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os flebotomíneos se desenvolvem) e destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir o desenvolvimento das formas imaturas dos flebotomíneos; limpeza dos abrigos de animais domésticos, além da manutenção de animais domésticos distantes do domicílio, especialmente durante a noite, de modo a reduzir a atração dos flebotomíneos para o intradomicílio.

Reportagem/Portal Canaã